23 agosto 2006

HISTÓRIA EM CONSTRUÇÃO

Das raras matérias que o pessoal de esquerda que por lá havia saneado os Professores "fascistas", transmitia nas idas décadas de 70/80 na licenciatura em História da Faculdade de Letras de Lisboa, encontrava-se uma interessante disciplina "Teoria das Fontes e Problemática do Saber Histórico" (que por acaso me foi leccionada por um docente do PCP, embora sério e não demasiado dogmático). Tal cadeira tentava preparar-nos para um permanente questionar da História, eu, infelizmente para os meus docentes, inflectia-a para outras áreas que, seguramente, não estariam nas suas cogitações, a eles interessaria mais o questionar permanente da história "fascista" que até então se fizera. Mas como sempre nestas coisas o que vale é o método, pouco cuidei, pois, das opiniões ideológicas do Dr. Pereira.


A História, disciplina científica nos métodos que emprega, não nas conclusões que apresenta, é, de facto, uma realidade em permanente construção.
Quase sempre sujeita a versões convenientes para os detentores do poder ocultarem a realidade dos factos, a história foi sempre submetida a uma cuidadosa manipulação. Razão pela qual urge confrontá-la com os documentos tentando a sua mais fiél aproximação do sucedido. Este movimento de revisão da História - REVISIONISMO - não só é desejável como imperativo.
Pela aturada investigação do historiador Simon Montefiore caí agora um dos maiores mitos comunistas do século passado: o da profunda ignorância de Estaline, que explicaria a sua brutalidade.
A "ignorância" de Estaline foi primeiramente propagandeada pelo seu inimigo Trotski (o mentor do Sr. Louçã, ele próprio com as mãos tintas de sangue), que Estaline mandou matar no seu exílio mexicano, e tornada "verdade" oficial durante o XX Congresso do Partido Comunista da União Soviética de 1956, pelo ex-estalinista confesso (aliás, se não fosse não lhe teria sobrevivido) Nikita Krutchov. Para os defensores da "verdade", que assim ocultavam o carácter perverso do regime - que não dos homens - que serviam. Só a igonrância de Estaline poderia ter conduzido ao assassinato de milhões de pessoas (o que não era verdade desde logo ao atentar-se na conduta de Lenine e do próprio Trotski). Era a "verdade" conveniente que permitia encobrir com o desvio do tirano, quase analfabeto, a essência, naturalmente esplendorosa do comunismo.
Saúda-se a queda deste mito (que sempre foi, diga-se em abono da verdade, rebatido, embora sem a possibilidade de confrontação documental), o defeito encontrava-se no regime e não no homem. Quanto a ele, incómodo ou não para a história desse período de terror do século XX, era invulgarmente culto, um brilhante aluno de um seminário cristão a todas as disciplinas, com particular interesse grego antigo o que lhe permitia o deleite de ler Platão no original. Proprietário de uma extensa biblioteca, cujos livros anotava com os seus comentários, fazendo fichas de muitos outros. Leitor de Goethe, Gogol, Maupassant, Wilde, Zola, Tchekov e apaixonado por Dostoievski (preocupa-me o comum fascínio por este autor...).
Portanto senhores, caída a história oficial, por conveniência construída, procurem outra razão que não a ignorância do "paizinho dos povos", para explicar o assassínio de largos milhões de compatriotas... e não só...

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1 Comments:

Blogger Sardoal said...

Rústico ou erudito a verdade é que foi um facínora.
No entanto a Democracia tem destas coisas: Os seguidores deste genocida comunista continuam alegremente a fazer propaganda,bem como a apologia do seu regime sem que ninguém os ameaçe com a ilegalização por constituirem um perigo para a Democracia...

quinta-feira, 24 agosto, 2006  

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