28 agosto 2007

MUITO MENOS BOM VENTO...


Conhecem o velho e sábio aforismo "De Espanha, nem bom vento, nem bom casamento" sempre seguido como regra de ouro nesta casa. Depois do roubo de Olivença, das frequentíssimas abolições de fronteiras de uma Extremadura que sonha com fronteiras no Atlântico, chegou a vez do nosso Algarve ser, para já apenas ao que parece com intuitos de promoção imobiliária, integrado na Andaluzia.
Olivares resuscitou e os portugueses dormem...

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26 agosto 2007

CASTRAÇÃO

Imagem sugestiva do que deveria ser implementado para os pedófilos. De França chegam os propósitos de efectivação da chamada castração química.
Parece-me pouco. A tradicional castração era seguramente mais eficaz e presumo mais dolorosa o que, para semelhantes animais, era uma vantagem acrescida.
Pensem nisso. Estou certo que muitos concordarão comigo. Falta apenas a coragem de o defender neste mundo em que a lei sempre protege mais o criminoso que a vítima...
Sinais dos tempos... virados do avesso.

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24 agosto 2007

UMA TERRA GRATA


Por isso, entre outras razões, é bom passar férias aqui. Conhecem?

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21 agosto 2007

"A BANHOS"

Por estar "a banhos" falhou-me a referência ao quarto aniversário da respeitabilíssima e recomendadíssima casa do meu amigo Pedro João. Com o lamentável atraso de dois dias, que sei que relevará, aqui fica o desejo de que o Último Reduto continue a obra que há quatro anos iniciou.

Ao amigo Pedro João só o conselho para moderar a sua "espanhofilia" e o gosto pela Real Sociedad porque como bem sabem, e podem comprovar, daí nada vem de bom...

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19 agosto 2007

OS TRANSGÉNICOS... CEIFEIROS

Uma horda de bárbaros (perdão e desculpem a minha insensibilidade para o "politicamentecorretês"), um grupo de jovens , cerca de 50, de cabeça coberta e cara tapada, seguramente devido às agruras estivais, ceifou um hectare de milho, um singelo "dano colateral" para tão esclarecida intervenção... O colectivo que se auto-denomina Movimento Verde Eufémia age para "estabelecer uma ordem ecológica, moral e democrática", pois claro! E já prometeu novas acções de desobediência cívica (será que foram aprendidas em certos "workshops" que bem conhecemos?).
Mentes mais perversas e insensíveis alegaram que tudo não passou de um grupo de vândalos que invadiu uma propriedade, do Senhor João Menezes (que por acaso teve um acidente cardíaco pouco depois), privada e destruiu um campo de milho, sustento de uma família. A maioria era estrangeira como frequentemente acontece nestas organizações de maltrapilhos. Importa lembrar que a plantação é legal e os infractores, tão "democratas", simplesmente ignoraram as instituições democráticas. Gozaram a bom gozar (as imagens televisivas são esclarecedoras), estes "militantes ecologistas" que aqui vieram passar um bom bocado e fumar umas ganzas não transgénicas... Preferiram destruir a processar. O que fizeram é, obviamente, um crime e deve ser punido como tal, vigorosamente e em conformidade. Ou a capa de "ecologia" permite todos os desaforos? A intervenção da GNR foi pouco menos que frouxa e a face à admissibilidade de reincidência a responsabilidade dos tribunais é ainda maior. Plantações como a de Silves estão previstas, e autorizadas, nas leis portuguesa e europeias estranha-se (ou talvez não...) pois que Miguel Portas discorde da classificação de terrorista desre acto e até manifeste "simpatia com o gesto", se estivesse do lado da lei e da ordem é que nos admiraria...


Estranho é que alguém que tanto fala e advoga a democracia e que além do mais tem o seu salário pago por instituições democráticas as reduza à insignificância: "Até hoje o debate sobre os transgénicos em Portugal não tinha passado do Parlamento (...). A partir de hoje pode começar a ser diferente". Senhor eurodeputado indefensável é elogiar, mostrar a simpatia e escrever que ele foi feito "nos limites da lei". Ou seja, para Miguel Portas, como agora fica demonstrado e nós já bem desconfiavamos, invadir uma propriedade privada e destruir património alheio não é crime é apenas um singelo "ilícito"...e se João Menezes calhasse a morrer, o que seria?


Claro que, previdente o vosso Portas diz logo que estas acções devem ser vistas caso a caso e que o limite é apenas o de "violência contra pessoas", pois então, quanto ao resto é agir, está visto...


O facto de aparecerem encapuçados também não tem nenhum mal em democracia uma vez que "um porta-voz deu a cara" e a rapaziada só tapou a cara por causa do "pólen e por causa da estética do movimento". Esta da estética é boa... mas só para a "berlocada" acalmem-se...


A concluir o nosso Pinóquio diz que, tanto quanto sabe, o berloque não está de forma nenhuma ligado àquela acção... Pois, e nós acreditamos...

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18 agosto 2007

MARXISMO, TENDÊNCIA GROUCHO

Nova Iorque, 2 Out. 1890 - Los Angeles, 19 Ago. 1977




Comediante genial (que me livrará dos epítetos de anti-judeu) e que ainda hoje movimenta legiões de dedicados fans, que seguramente muito apreciaria.
Um humor corrosivo mas com um fundamento financeiro omnipresente que não sei bem de onde lhe proviria...

Entre muitas tiradas geniais elegi esta:
I find television very educational. Every time someone switches it on I go into another room and read a good book.

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17 agosto 2007

RUDOLF HESS - 17 DE AGOSTO DE 1987


Rudolf Hess(26 Abr. 1894 - 17 Ago. 1987)
"I am authorized to inform you that your father expired today at 4:10 p.m. I am not authorized to give you any further details".
Suicidado na prisão de Spandau (da qual foi único ocupante desde 1966) aos 93 anos.

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16 agosto 2007

AVISO AOS LEITORES

Aviso de pré-férias. Ao contrário do ano passado resolvi não fechar a cortina nesta época estival. A coisa, porém, em ritmo de férias, não terá a intensidade habitual... mas virei tão amiúde quanto possível e mo permitirem além do mais dois trabalhos, sobre condecorações portuguesas, que ando a escrever e que "vão para férias comigo" e mais um encargo para o meu caríssimo amigo Bruno.

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MULTICULTURALISMO


"Pilhado" aqui.

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14 agosto 2007

JOVENS NÃO ESQUEÇAM...


(Batalha Real, 14 de Agosto de 1385)
Hoje, como ontem: São Jorge e Portugal neles!

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13 agosto 2007

CHINELOS - DO JAPÃO PARA O MUNDO

Escrevi aqui há uns tempos sobre a raleficação das nossas (e não só...) gentes e da proibição da utilização de chinelos na Casa Branca, medida que apoiei. Hoje uma notícia do "Diário de Notícias", com o título deste postal, despertou-me de novo para o assunto. Na realidade, Bush não fez mais que desfazer esse malefício trazido à humanidade ocidental pelos americanos. De facto, de tão óbvio que é nunca tinha pensado no assunto.
As chinelas que por aí proliferam em todo o pé (até o meu filho mais velho já me apareceu com umas...), são evoluções - embora horríveis - das Zori ( 草履 zōri) as tradicionais sandálias japonesas feitas de palha de arroz ou de outras fibras, madeira ou mais recentemente de materiais sintéticos. No ocidente começaram a tornar-se conhecidas através dos soldados americanos após a segunda guerra, as então denominadas flip-flops e que eram uma imitação de borracha das sandálias há muito usadas no Japão. Bush, no fundo, está apenas a emendar o malefício introduzido pelos seus antepassados. No Japão têm plena razão de ser, quer pela tradição quer pela funcionalidade, uma vez que como sabem (e eu de experiência própria...) não é cómodo estar-se sempre a descalçar para entrar onde quer que seja (mesmo assim resisti...), no mundo poderiam ter sido, como inicialmente, apenas um "calçado" de praia, mas daí evoluíram para calçado de Verão e logo para ícones uma cultura "descomplexada". Uma praga, nos dias que correm...

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A NÃO PERDER

ANEDOTA DO DIA (DO ANO???) - GASOLINA POR UMA BOA CAUSA

Um motorista para no trânsito, e alguém bate no vidro do carro. Receoso, baixa um pouco o vidro e pergunta:
- O que é?
O homem diz:
- O Sócrates foi sequestrado, e o pedido de resgate é de 50 milhões de euros! E se o resgate não for pago, o sequestrador ameaça regá-lo com gasolina e incendiá-lo! Estamos a receber contribuições. O Sr. gostaria de participar?
O motorista pergunta:
- Em média, quanto é que cada pessoa tem dado?
O outro responde:
- As ofertas variam entre os 5 e os 10 litros!
(Recebida por e-mail)

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12 agosto 2007

NOVA OFENSIVA...

do "Todos diferentes, todos anormais"... Um gasto desnecessário do Estado. Onde está escrito, excepto no "politicamentecorretês" que não se possa ver a nacionalidade, o credo ou a raça (afinal existe?)? Que tem isso a ver com preconceito?
P.S. E já agora, já avisaram os ingleses???

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11 agosto 2007

TARDE DE CINEMA (DAS BOAS)

Convenientemente protegido e resguardado dos cada vez mais perigosos raios UV, das tenebrosas mutações do clima e do exigente desporto estival de procurar um centímetro quadrado de areia disponível, ofereci a mim mesmo uma repousante, diversificada e excelente tarde de cinema.
Cinema de qualidade, do bom, daquele com que raramente ou nunca as televisões nos presenteiam.
A abrir "Aleksandr Nevskiy" de Serghei Eisenstein (1938), seguido de "Jud Süß" de Veit Harlan (1940).
Como vos disse, cinema e do bom.

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10 agosto 2007

HÁ RACISMO NA EUROPA???

Tantas vezes se questiona a existência de racismo na Europa. Pela notícia vinda do Reino Unido parece que, efectivamente, há, ou pelos menos etnicismo ou se quiserem algo contra a sub-espécia caucasiana (aquela que, por sinal, gostem ou não, concordem ou não é a autóctone deste continente a que chamamos Europa).
O respeitável "Daily Mail" conta-nos como Abigail Howarth, uma jovem inglesa de 18 anos, (confiram aqui) viu barrada a sua admissão num emprego governamental por, como afirma o título, English girl barred from Government job...because she is wrong kind of white (que é como quem diz, Rapariga inglesa barrada no acesso a emprego do governo...porque é do tipo errado de branco).
E não há protestos, além da justíssima indignação da própria, que na sua terra é descriminada por ser inglesa e branca? Claro que não! Instada a pronunciar-se sobre o assunto a Commission for Racial Equality já confirmou a legalidade da actuação. Como vai sendo comum o racismo é exclusivamente monocromático e... ao que vemos, todo o que é contra os brancos está na moda, parece bem e é tolerável... senão mesmo desejável...
Lembro apenas que estamos na Europa... depois não se admirem.

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HÁ 62 ANOS


Prisioneiros japoneses ouvem pela primeira vez na vida a voz do divino imperador e para anunciar a capitulação do Japão e o final da guerra. Note-se, apesar de prisioneiros, o profundo respeito com que a proclamação é ouvida.

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MAIS UMA DOS "BONS"

Na floresta de Tezno, nas imediações de Maribor (Eslovénia) foi descoberta acidentalmente - durante a construção de uma auto-estrada (sendo então retirados 1179 esqueletos) - em 1999 uma vala comum do período da Segunda Guerra, que poderá ser uma das maiores da Europa (1 km de comprimento por 4 a 6 mestros de largura e 1,5 a 2 metros de profundidade - era uma trincheira anti-tanque) e que se estima contenha mais de 15 mil pessoas.
Pelos objectos encontrados comprovou-se que se trata de uma vala comum para soldados croatas fascistas "Ustaše" e seus parentes, detidos pelo então exército comunista jugoslavo.

Trata-se de soldados do estado croata independente, pró-nazi, que no final da Segunda Guerra Mundial tentaram escapar da guerrilha comunista, liderada por Josip Tito, para se entregar às forças aliadas na Áustria. No entanto, as unidades aliadas estacionadas naquele país, obrigaram-nos a voltar à Eslovênia (então parte da Jugoslávia), onde como prisioneiros de guerra do exército jugoslavo foram imediatamente massacrados nas imediações e enterrados na vala que ora se exuma.
Pelas exumações agora re-iniciadas tudo parece apontar para o facto de serem estas as maiores valas comuns do pós-guerra excedendo as de Srebrenica (o massacre na Bósnia em 1995), as quais se estima tenham sido enterrados cerca de 8.000 muçulmanos.

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UMA OBRA IMPORTANTE

A mão amiga e camarada do Duarte, com quem ontem almocei, fez-me chegar este opusculo que desconhecia de 1931. Notável por abordar a Questão de Olivença e sobretudo pela lucidez sobre o que deveria ser o relacionamento peninsular. Uma obra não assinada de Ventura Abrantes (que aliás é o depositário da obra)?
A ler, com carácter de imprescindibilidade...

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09 agosto 2007

LEMBRANDO NAGASAKI... HÁ 62 ANOS

(Miss Atomic Bomb, 1957)
Para alguns comediantes que andam por este tão fascinante quanto patológico mundo da blogosfera, arvorados em "democratas" e defensores não sei do quê, só os "maus" praticaram crimes. É natural, fruto da sua geração, de culpabilizações incutidas e de uma (des)educação politicamente orientada pela cartilha da "canhota", são assim, verdadeiramente não têm muita culpa. Para eles as bombas atómicas sobre o Japão foram uma benção para todos... americanos e japoneses. No imbecil ideário cultural americano até se celebrava a "Miss Atomic Bomb"... Tal foi, porém, sentido pelos japoneses como uma "benção" seguramente idêntica à percepção dos chineses para aquela que estes fizeram abater sobre Nanquim...
Enfim, D. Quixote deixou muitos seguidores, mais do que Cervantes alguma vez poderia ter imaginado.
Podem dar as voltas que derem mas Nagasaki foi mais um crime dos "bons" contra a humanidade, sem julgamento claro está, até porque foi uma benção...
(O "cogumelo" de Nagasaki)

(Só a Torii - porta - de um templo Shinto não pereceu ante a fúria destruidora)


(Como em Hiroshima dias antes, incapazes de entender o que lhes sucedeu os sobreviventes definham e morrem)




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08 agosto 2007

UM TEXTO INTERESSANTE (E LONGO)

Com o qual não concordo a 100% mas que obriga a uma reflexão profunda. Obviamente para quem gosta de pensar e não se rege por vulgatas ou "Readers Digest". A tradução é minha.
Nobody Gets Off the Bus: The Viet Nam Generation Big Book, Kali Tal and Dan Duffy, editores
Volume 5 Number 1-4 March 1994

State Rape: Representations of Rape in Viet Nam
Karen Stuhldreher, Political Science Department, University of Washington, Seattle

O acto de violar mulheres é visto pela maioria como uma consequência inevitável da guerra. Como o general George S. Patton predisse durante a Segunda Guerra Mundial, "ocorreriam inquestionavelmente violações".[i]. A violação e a mutilação de corpos das mulheres são parte do cenário militar usual na guerra. Durante a guerra de Vietname, a violação era uma ocorrência demasiado comum, descrita frequentemente pelos soldados como SOP (standard operating procedure) – procedimento padrão habitual[ii]. "É um caso diário... que pode imputar a quase todos… pelo menos uma vez", declarou um chefe de grupo do pelotão 34d de Companhia Charlie quando questionado por um repórter sobre a violação que ocorreu em My Lai[iii].3

Um outro soldado, Joe Galbally, ao testemunhar para a Winter Soldier Investigation[iv], concluiu o seu relatório sobre um incidente específico de uma violação colectiva dizendo, "este não foi apenas um incidente; este foi apenas o primeiro que consigo recordar. Eu sei de 10 ou 15 de tais incidentes, pelo menos." Galbally esteve no Vietname apenas durante um ano, de 1967-1968[v].

Na realidade, muito poucos soldados americanos foram "apanhados” por violação no Vietname. Apesar do facto de tal ser um crime de acordo com a lei internacional, proibido pela Convenção de Genebra e punível pela morte ou pela prisão sob o artigo 120 do American Uniform Code of Military Justice (Código de Justiça Militar do Uniforme Americano), os actos de violação foram raramente relatados e ainda mais raramente condenados durante a guerra do Vietname[vi]. O número dos casos de violação julgados não reflectiu, nem de perto, a violência e excesso de violações no Vietname. As taxas de condenação são baixas e as sentenças extremamente leves. Em Against Our Will (Contra a nossa vontade), Susan Brownmiller fornece estatísticas dos tribunais marciais para violações e penas relacionadas: apenas cinquenta e oito por cento dos julgados entre 1965 e 1973 foram condenados[vii]. A informação sobre as sentenças foi difícil de coligir, segundo Brownmiller. Escreve, “uma sentença de dois a oito anos de trabalhos forçados será a típica para violação, mesmo para os casos em que a vítima tenha sido assassinada; sodomia, tentativa de violação e tentativa de sodomia eram preferidas como acusações devido a menores molduras penais e as sentenças eram frequentemente reduzidas a metade pelo recurso”[viii].

São muitas e variadas as justificações para a relutância das forças armadas dos EUA em tratar a violação como uma ofensa criminal, e para a sua subsequente persistência, como uma prática comum no Vietname. Mas para a maior parte, tais racionalizações repousam na percepção geral da violação como uma extensão inevitável da actividade da guerra; é aceite, e mesmo incentivada, como modo da guerra sobre o qual pouco pode ser feito. O que está na base desta fina expressão e explanação simplista, como poderemos obter uma explicação mais convincente e mais crítica para o facto do porquê da violação se ter tornado “um caso diário” durante a guerra do Vietname?

Embora a questão da motivação possa parecer significativa para a aquisição de uma compreensão adicional do porquê da violação de mulheres vietnamitas se ter transformado em standard operating procedure, poderá não ser possível alcançar nenhumas conclusões decisivas sobre tais factores de motivação. Até que ponto devemos confiar nas representações de violação fornecidas primeiramente por soldados americanos, devemos preferivelmente dirigir as nossas questões sobre o modo como a violação foi representada durante a após a guerra. Como são representadas na cultura dominante contemporânea dos EUA as imagens de violação na guerra de Vietname? Além disso, por que razão estes actos permaneceram virtualmente sem serem relatados e perseguidos? Finalmente, pode haver uma ligação entre os modos como a violação no Vietname era e continua a ser representado e o facto de que apesar do seu excesso e violência, tenha merecido pouca atenção crítica pelos media ou pelas forças armadas.

No Vietname, de acordo com Jacqueline E. Lawson, "violar uma mulher vietnamita transformou-se numa marca da fase de guerrilha da guerra”. No seu artigo intitulado "She's a pretty woman... for a gook: The Misogyny of the Vietnam War” ( É uma mulher bonita... para gook[ix]: O misoginia na guerra do Vietname), Lawson explica que para" os jovens machos americanos desejosos em afirmar a sua superioridade, a sua potência e a sua masculinidade (e por extensão a do seu país),... violar uma mulher numa zona de combate é algo que um homem 'tem de fazer', 'deve fazer’, tem o ‘direito de fazer’[x]. A prática persistente de violação na guerra é evocativa da misoginia da guerra como extensão da hegemonia masculina. Lawson é muito explícita neste último ponto: "a guerra não cria misóginos (nem violadores)”. Ao invés uma "predisposição para misoginia, expressa explicitamente embora de maneira alguma maneira exclusivamente nos actos de violência contra as mulheres, é fabricado do mesmo modo que a cultura americana”[xi]. Abreviadamente, a “violação é uma parte da guerra porque a violação é parte de uma cultura centrada no homem”[xii]. Lawson vê a violação como resultado de um sistema dominado pelo género masculino; a violação é mais um crime violento do que um crime sexual contra as mulheres.

A análise crítica de Lawson da violação, no entanto, contrasta agudamente com a descrição de violação nos diversos filmes e nas numerosas novelas sobre a guerra. Baseadas nas histórias e nas narrativas de soldados americanos no Vietname, estas representações sugerem que a violação no Vietname "elevou sua cabeça como uma maneira aliviar o tédio enquanto os soldados praticavam as suas operações de busca e destruição nas terras altas do Vietname"[xiii]. Por exemplo, após ver negado o acesso aos bordeis fora da base, o sargento Tony Meserve (Sean Penn) em Casualties of War (Corações de Aço, 1989) informa seu esquadrão para um 'R&R'. "vamos requisitar uma rapariga para nós para quebrar o tédio e para manter o moral", explica Meserve.

Significativamente, as violações de mulheres vietnamitas por soldados americanos em filmes contemporâneos, tais como “Corações de Aço” e “Bravos do Pelotão” (Platoon, 1986), livros como o de Larry Heinemann, vencedor do Prémio Nacional do Livro (National Book Award), Paco’s Story e as narrativas de soldados americanos no Nam de Mark Baker emfatizam fortemente o sexo como um factor de motivação. As conversas de "R&R," "terem pouco divertimento" e "necessidade de uma tara" são comuns em tais cenas de violação. Enquanto estas representações de violação são inquestionavelmente violentas, a motivação fornecida pelas narrativas destaca visivelmente o aspecto sexual. Ou seja a linha entre o sexo e a violência torna-se esbatida nestes retratos populares da cultura dominante da guerra do Vietname e suas atrocidades.

Este esbater do sexo e da violência tem tudo a ver com a fonte e o contexto destas imagens de violação e do modo como são mediatizados para o consumo cultural. A violação de mulheres vietnamitas por homens americanos não é descrita pelas vítimas, que, na maior parte dos casos, foram assassinadas. Nem as mulheres, nem os vietnamitas estão no centro destas representações[xiv]. Ao contrário, os homens americanos (e sobretudo o homem branco americano) e a cultura hegemónica masculina transforma-se na fonte e no meio de produção através do qual a violação é representada. Quer examinemos “Corações de Aço” (baseado no livro de Daniel Lang e dirigido por Brian DePalma), Paco’s Story (uma novela por Larry Heinemann foi soldado de infantaria no Vietname), as violações nas quais ambos se tornam em produtos culturais são representadas do ponto de vista dos machos brancos americanos.

Ao discutir modos de representação, neste caso da violação na guerra do Vietname, é importante estar claro sobre a própria noção de representação. Mais simplesmente, a representação é uma cópia do "real," a "ausência de presença"[xv]. Porque o que é "real" nunca está completamente presente - os espectadores e os leitores - devemos estar cientes dos modos como "o real" é mediatizado através de práticas representacionais, como filmes ou na literatura. Como Michael Shapiro indica em The Politics of Representation, "perdemos algo quando pensamos na representação como mimética. O que perdemos, na generalidade, é introspecção nas instituições, nas acções e nos episódios através dos quais o real foi formado..."[xvi]. Esta formação, explica, é uma “imposição” histórica e culturalmente desenvolvida, que é " largamente institucionalizada pela maior parte dos significados inscritos profundamente em coisas, pessoas e estruturas"[xvii].

Considerações sobre o meio ou prática através da qual a violação é representada são vitais para qualquer discussão sobre o modo como é percepcionada e tratada. Ao examinar a violação e como é representada na cultura contemporânea dominante dos EUA, na maior parte das vezes através das experiências dos directores, dos escritores ou dos veteranos masculinos brancos, é importante manter em mente que estas representações possuem provavelmente o efeito de "reproduzir ou reforçar os modelos do poder prevalecente”[xviii]. Ao ponto em que a cultura hegemónica nos EUA reflecte um sistema dominado pelo género masculino, as representações culturais contribuirão para o reforço desta estrutura.

Examinemos algumas representações específicas de violação durante a guerra de Vietname, disponíveis no contexto da cultura contemporânea dominante dos EUA. A sua comunalidade é este contexto assim como o ponto de vista dos homens americanos brancos em cuja experiência estas histórias se centram. “Corações de Aço” foram adaptadas da visão de Lang 1969 de um incidente real de violação de um grupo de soldados no Vietname. De patrulha nas terras altas centrais em 1966, um grupo de cinco homens faz um desvio para fora do mapa para uma pequena vila vietnamita pequena com a intenção de sequestrar uma jovem mulher vietnamita. O seu motivo, precipitado por lhes ter sido negado o acesso aos bordeis na noite anterior, é claramente representado como de gratificação sexual, ou como nas palavras do líder da patrulha sergento Meserve, "um pouco de ' R&R’ portátil para os homens." A mulher que raptam, enquanto dorme ao lado da irmã, é escolhida porque é "a mais bonita". Não é denominada VC whore (puta vietcong)" até após um dos homens, osoldado Sven Eriksson (Michael J. Fox) questionar o rapto da patrulha e o seu tratamento brutal. Embora seja tratada brutalmente - amarrada, amordaçada, arrastada, esmurrada e atirada ao chão - pelos soldados desde o momento em que foi raptada até ser assassinada, é igualmente representada como um objecto sexual: "vamos ter algum gozo com ela". Após a ter violado, o sargento é inquirido por um dos homens, "quando foi a última vez que teve uma mulher a sério, Sargento?" Meserve responde, "ela era real, eu penso que era real." A violação de grupo em “Corações de Aço” não é apenas descrita como um acto de violência contra o inimigo, nem inteiramente como um acto do poder e de subjugação por parte dos homens brancos sobre uma mulher vietnamita. Enquanto a violência e a subjugação como formas de racismo e do sexismo são transmitidas nas imagens que circundam a violação, o desejo sexual masculino -- sexo pelo sexo – são igualmente uma motivação importante nesta representação da violação deste filme. Numa dramática construção da violação, Meserve sublinha esta intenção sexual mantendo a sua arma elevada e gritando, "o exército chama a isto uma arma, mas não é!". Então recita o familiar:
This is my weapon [içando a arma sobre a cabeça]
This is my gun [agarrando os testículos]
This is for fighting,
This is for fun.

A flagelação verbal dirigida aos soldados ou que se recusavam a participar ou que interferiam com uma violação de grupo fornece uma imagem adicional do significado dado à sexualidade (como que oposto ao género ou à raça) na representação da violação. Em “Corações de Aço”, a jovem "cereja" Erikkson, é representado como o "herói" e o protagonista do filme. Erikkson protesta o rapto, tenta parar a violação e recusa-se a participar nela. É insultado, chamado "panasca, "homosexual, "paneleiro" e "simpatizante dos VC" pelos outros homens. Nos “Bravos do Pelotão” o filme de Oliver Stone de 1986 vencedor do Óscar da Academia, Chris Taylor (Charlie Sheen) surpreende uma violação de grupo nos arbustos depois de uma vila próxima ter sido queimada. Enquanto tenta fisicamente pará-la os homens gritam, "O que és, um homossexual, Taylor?". O subentendido é que se um homem não quiser violar uma mulher, deve ser gay é indicativo – isto é indicativo do modo como a sexualidade é centrado em tais representações de violação. Embora a justificação para a violação na guerra seja frequentemente apresentada como racista ("é um ‘dink[xix]’ homem" – “Bravos do Pelotão”), ou misógina ("é uma puta vietcong" – “Corações de Aço”), a primeira (embora não a única) motivação é mais frequentemente apresentada como gratificação sexual[xx].

Na novela de Heinemann, Paco’s Story, porém, é a vingança que é apresentada como o catalizador para a horrífica e brutal violação de uma atiradora furtiva vietnamita que mata dois soldados americanos numa ronda nocturna imediatamente antes do alvorecer. Esta violação é claramente motivada pela raiva violenta e vingativa contra a jovem mulher Viet Cong:

e Gallagher finalmente tinha tido o suficiente. A coisa que seguinte sabes, James, agarrou-a pelo cabelo e estava jurando uma tempestade, arrastando-a desta maneira (o cuspo borbulha nos cantos de sua boca que tornando pouco claras as suas palavras) através da companhia deste tijolo para aquel buraco no estuque… Gallagher rodopiou-a para o quarto ao lado, sem dúvida um quarto de cama[xxi].

O contexto no qual esta cena de violação é apresentada também inclui uma descrição particularmente racista da vítima de violação:

Uma camponesa, não mais que catorze anos, digamos dezasseis. Não era carnuda. Nenhuma das vietnamitas era grande… Mas quem sabe, talvez as vietnamitas gostem de ser magras e raquíticas, remelosas e desdentadas. Talvez[xxii].

Todavia, apesar da brutalidade misógina e racista com que esta viciosa violação é descrita, não está ausente a imagem do desejo sexual masculino. Depois de uma descrição particularmente horrorizante de como a atiradora furtiva é presa e amarrado de modo tão firme que é forçada a dobrar seu corpo sobre uma prancha de madeira, os homens que se alinham para a violação são retratados deste modo:

Gallagher e Jonesy mostraram satisfação e quiseram rir, um par dos gajos riu, porque ninguém na companhia tinha tido uma rata por um mês de domingos (à excepção do tenente Stennet, que não tinha estado neste exército de homens há tanto tempo)[xxiii].

Mesmo nesta mais inumana descrição de violação no Vietname, a sexualidade masculina é incluída entre os factores motivantes. Nesta consideração, a violação é representada pelo menos em parte como um acto sexual bem assim como um crime violento contra as mulheres ou contra o inimigo. Abreviando, parece haver pouca distinção entre o sexo e a violência nas representações culturalmente produzidas de violação. Não coincidentemente estas imagens de violação na guerra de Vietname espelham as declarações dos soldados fornecidas durante a Winter Soldier Investigation em 1971. De acordo com o sargento Michael McClusker:

Era suposto irem atrás do que chamavam puta Viet Cong. Foram à aldeia e ao invés de a capturarem, violaram-na – todos os homens a violaram. Na realidade, um dos homens disse depois que fora a primeira vez que fizera amor com uma mulher de botas calçadas…Mas de qualquer modo violaram a rapariga e o último a fazer amor com ela deu-lhe um tiro na cabeça[xxiv].

De modo evidente, verifica-se alguma confusão aqui sobre a natureza da violação. Do ponto de vista masculino, a violação é equivalente a "fazer amor". A linha entre o sexo e violência é feita para parecer muito pouco clara nestas descrições. De Nam de Mark Baker:

Uma arma é poder. Para alguns homens andar permanentemente armados era como ter tesão permanente. Era uma descarga puramente sexual cada vez que tinham que premir o gatilho[xxv].

Esta coexistência entre sexo e violência é perturbante a vários níveis. Incomoda particularmente, sobretudo, quando considerando as consequências de apresentar a violação como um acto sexual, bem como um acto violento. Até ao ponto em que pouca distinção é traduzida entre o sexo e a violência, a violação das mulheres vietnamitas (bem como das mulheres americanas) representadas através destas imagens da guerra, pode ser considerada um resultado "natural" quando os homens são isolados das mulheres por longos períodos de tempo.

Pegue num grupo dos homens e coloque-os num lugar onde não haja nenhuma mulher de olhos redondos. Estão todos num ambiente masculino. Enfrentemo-lo. A natureza é a natureza. Há mulheres disponíveis. Tais mulheres são de uma outra cultura, de uma outra cor de uma outra sociedade. Não quer uma prostituta. Tem uma M-16. Porque há-de pagar a uma mulher? Desce à aldeia e obtêm o que procura[xxvi].

Esta explanação para o excesso e violência de violação durante a guerra de Vietname é indicativo da relutância da parte dos média, bem como das forças armadas em relatar e punir estes crimes de guerra. Esta noção que a violação é sexualmente motivada e consequentemente o resultado lógico do desejo sexual masculino, entronca directamente nos mitos de que a violação é espontânea e vitima-precipitada. Estas crenças podem não pesar tanto na guerra, onde questões como o que a vítima quer são discutíveis e onde a violação é standard operating procedure; porém, continuando a dar forma ao conceito total de violação, estes mitos ajudam a explicar porque a violação no Vietname durante a guerra (como nos EUA) foi tão raramente relatada e investigada, sendo as taxas de condenação extremamente baixas.

Finalmente estas representações de violação como consequência de desejo sexual masculino descontrolado conduzem de novo à justificação simplista: “os rapazes serão rapazes" (boys will be boys). Como podem as forças armadas conter e responsabilizar homens que se limitam a reproduzir os papéis masculinos para cujo desempenho a sociedade os preparou?

Retornando momentaneamente a análise de Jacqueline Lawson sobre a violação como misógina, é importante notar até que ponto ela também, confia demasiado em descrições de violação tal como apresentadas por veteranos do Vietname, aproxima-se perigosamente da coexistência entre o sexo e a violência. Embora eu tenha discutido que seu conceito de violação parece virar-se para a violência e não para a sexualidade, não é totalmente claro que seja este o caso. Ao questionar a percepção popular de que a proliferação de actos violentos contra as mulheres durante a guerra de Vietname é exclusivamente uma consequência dos perigos da guerra, Lawson escreve: "este confortável mas sedutora visão ignora as reais ligações entre o sexo e a violência que existem na nossa cultura, ligações que ajudam a tornar a guerra possível"[xxvii]. Quando a sua intenção é explicar a violação na guerra do Vietname como um produto da opressão sistemática das mulheres na sociedade americana, Lawson fá-lo fazendo colapsar a luxúria masculina com o poder e, por extensão, com a misoginia[xxviii].

A coexistência do sexo e da violência, reflexo das descrições de violação fornecidas por soldados americanos, surge da incapacidade de distinguir sexualidade de género[xxix]. A misoginia e desvalorização das mulheres que enformam os nossos códigos culturais são reflexo de um sistema dominante do género masculino. Tais atitudes para com as mulheres não são um produto de diferenças essenciais ou biológicas entre homens e mulheres. Nem a misoginia é uma extensão do desejo masculino. Contrariamente, são geradas social e culturalmente pelos padrões do género que ditam as vidas dos homens e das mulheres. Basta-nos olhar para as imagens de desejo sexual produzidas sobre gays e lésbicas para verificarmos que o género não é determinante da sexualidade. Assim, os actos de violência contra as mulheres devem ser entendidos não como crimes sexuais mas como crimes de género[xxx]. Necessitamos de dessexualizar a violação para que possa ser vista pelo que é: a consequência trágica de processos políticos, económicos e sociais que geraram e mantêm o domínio sobre as mulheres em todos os domínios culturais.

Para este propósito a representação da violação deve ser reconstruída, não para reproduzir ou reforçar os modos prevalecentes do poder, mas para os desafiar. As visões correntes da guerra do Vietname foram mediatizadas através da cultura dominante e claramente centrada nas experiências e percepções do homem branco americano. Das produções cinematográficas e literárias de Oliver Stone e Larry Heinemann baseadas nas suas próprias experiências, às descrições baseadas em descrições dos veteranos que lá estiveram, estas representações falham ao não contestar a concepção da violação como um comportamento com motivação sexual.

Se pretendermos avançar na compreensão da violação como um comportamento criminoso e persegui-lo enquanto tal, então deveremos representá-lo como aquilo que é: um crime violento motivado pelo género, um crime contra as mulheres apenas porque são mulheres

O facto de as representações de violação se conformarem às modalidades dominantes do poder, deve ser contestado. As consequências da não confrontação das representações actuais de violação são grandes. As mulheres continuarão a viver no medo, e continuarão a ser responsabilizadas pelos crimes contra elas. Muitas violações continuarão a não ser denunciadas e perseguidas e as taxas de condenação continuarão a ser desproporcionalmente baixas. Por outro lado, a sexualidade e o desejo permanecerão mirrados e o desejo sexual feminino será negado e tornado invisível. Enquanto a violência for ligada à sexualidade nas representações de violação, o reino do desejo sexual e suas representações também serão distorcidas e mal entendidas.

[i] Susan Brownmiller, Against Our Will: Men, Women and Rape (New York: Simon and Schuster) 1975: 31.
[ii] Ibid.: 110.
[iii] Ibid.: 104-105.
[iv] A "Winter Soldier Investigation" foi um acontecimento promovido pelos média e patrocinado pela Vietnam Veterans Against the War (Veteranos do Vietname contra a Guerra) destinado a tornar conhecidos os crimes de guerra e atrocidades levadas a cabo pelas forças armadas dos EUA e seus aliados no decurso da Guerra do Vietname. O encontro de três dias reuniu 109 veteranos e 16 civis e teve lugar em Detroit (Michigan), entre 31 de Janeiro e 2 de Fevereiro de 1971 (Nota do tradutor).
[v] Ibid.: 110.
[vi] Ibid.: 32.
[vii] Ibid.: 99.
[viii] Ibid.: 101.
[ix] Nome depreciativo dado pelos americanos aos sudueste asiáticos (Nota do tradutor).
[x] Jacqueline E. Lawson, "'She's a pretty woman... for a gook': The Misogyny of the Vietnam War," in Philip K. Jason, ed., Fourteen Landing Zones: Approaches to the Literature of the Vietnam War. University of Iowa Press. 1991: 17.
[xi] Ibid.: 4.
[xii] Ibid.: 18.
[xiii] Brownmiller: 32.
[xiv] Desejo agradecer a Susan Jeffords pela sua perspective de quem ocupa o centro destas representações de violação. O seu artigo em Discourse, "Performative Masculinities, ou 'After a few times you won't be afraid of rape at all,'" discute-o em profundidade.
[xv] Michael J. Shapiro, The Politics of Representation. Madison: University of Wisconsin Press. 1988: xii.
[xvi] Ibid.
[xvii] Ibid.
[xviii] Ibid.
[xix] Vietnamita em sentido pejorativo (Nota do tradutor).
[xx] David Rabe, guião, Casualties of War (Columbia Pictures) 1989.
[xxi] Esta distinção entre justificação e motivação para a violação neste contexto não se destina a ser dura e rápida. Eu observei esta distinção nos filmes aqui tratados. Todavia, acredito que, mais frequentemente, tal como a linha entre sexo e violência, a linha entre o que é motivação e o que é justificação se esbatem. O racismo, por exemplo, articula-se como um factor de motivação para a violação na Guerra.
[xxii] Larry Heinemann, Paco's Story. New York: Penguin. 1986: 175.
[xxiii] Ibid.: 179.
[xxiv] Ibid.: 180.
[xxv] Brownmiller: 110.
[xxvi] Mark Baker, Nam. New York: William Morrow. 1981: 206.
[xxvii] Ibid.
[xxviii] Lawson: 3.
[xxix] Ibid.
[xxx] Esta distinção entre sexualidade e género foi por mim abordada em pormenor num artigo sobre as representações do desejo heterosexual feminino: É igualmente uma distinção importante para as teorias gays e lésbicas. Veja-se Gail Rubin, "Thinking Sex: Notes for a Radical Theory of the Politics of Sexuality," in Carol S. Vance, ed., Pleasure and Danger: Exploring Female Sexuality. Boston: Routledge & Kegan Paul. 1984; e igualmente Teresa de Lauretis, "Sexual Indifference and Lesbian Representation," in Theater Journal (May 1988).

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A VIOLAÇÃO NA GUERRA

A violação na guerra, ou fora dela é sempre um acto desprezível, abjecto e que, do meu ponto de vista, deveria sempre ser punido com a pena capital. Que hei-de fazer, estou velho para mudar e, sinceramente há coisas em que é mesmo melhor consolidar do que mudar. É um acto abjecto, desde logo porque destitui a mulher do seu verdadeiro papel conduzindo-a a um mero objecto, um troféu ou uma outra qualquer conquista (este padrão é, aliás, lamentavelmente repetido na diferente valorização sócio-sexual que se atribui na educação de rapazes e raparigas e, tal, perpetua o padrão manifestamente potenciador de diferenças sexuais que, em casos extremos, podem conduzir à violação). Alinhavo estas notas a respeito de correspondência sobre as violações na guerra trocadas nos comentários deste blog e noutros fora dele. Assim, entendi que não deveriam restar quaisquer dúvidas sobre o meu posicionamento sobre o assunto. Não vejo é só, infelizmente, as violações japonesas na 2ª Guerra Mundial, havendo outras bem mais perto, cronologicamente falando, de nós. Além do mais importa dizer que, sem entrar em considerações valorativas o Japão Imperial não subscrevera a Convenção de Genebra (vulgarmente considerado um código de traidores face ao "Bushido") - onde o crime de violação é expressamente punido-, contrariamente a tantas nações "civilizadas" que da violação fizeram prática de guerra frequente, infelizmente...
Infelizmente também que, numa cultura predominantemente masculina, desde a mais remota antiguidade a violação era considerada como recompensa dos vencedores, uma mera rotina de guerra como descrito no Pentateuco.
Vai sendo tempo de mudar as mentalidades...

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07 agosto 2007

EIS A CEPA...

O leitor Bruno, que conhecem como Pantera e anima este blog, resolveu ser indelicado e ofensivo para a minha pessoa (que classificou de "mentalmente instável"), entendeu, além do mais, praticar censura no seu blog eliminando um comentário onde lhe explicava as minhas razões e lhe expunha o meu desagrado. São assim os democratas...
Sabem bem os demais leitores a paciência que lhe devotei e nem adivinham as ansiedades que lhe aturei.
O referido leitor foi ofensivo e censor, coisas que não são toleráveis para quem está de boa fé. O que, afinal, parece não ser o caso.
Não lhe desejo qualquer mal e não o irei perseguir, naturalmente, embora num qualquer delírio quixotesco o possa vir a dizer, mas enchi o poço de paciência, como aqui escreveu um outro leitor. Estão perdoadas as gambas e "THE END" (que aqui não o poderá vir apagar)...
P.S. Dada a prática da casa aqui fica a despedida no local próprio (uma vez que o primeiro foi eliminado pelo "administrator"):
Res non verba...
É o que lá está escrito e registei a censura ao eliminar o que aqui escrevi. Como pessoa "mentalmente instável" abstenho-me de posteriores contactos. Mas gostei de ver o tipo de "liberdade" aqui praticada. Também aqui há verdades inconvenientes. É coisa que nunca fiz no "REVERENTIA" mesmo para os delírios mais inflamados

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IDEOLOGIA OU COMPETÊNCIA?

Não conheço pessoalmente a Drª. Dalila Rodrigues mas o seu trabalho à frente dos destinos de um dos nossos principais museus, o Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA) torna evidente a sua manifesta competência. Sob a sua direcção o MNAA viu aumentar significativamente o seu público, reforçou o mecenato no seu financiamento e foi objecto de importantes reestruturações no seu circuito, programa e perspectiva museológica. Tornando-se, sob a direcção de Dalila Rodrigues, uma instituição aberta, dinâmica e capaz de responder às necessidades do seu tempo. Um museu vivo e preparado para a sua missão de preservar, divulgar e educar. Competente mas recusando a canga ideológica que vai animando os "socretinos", aprendizes de tiranetes, foi demitida.
Se te opões a mais esta, dissimulada, forma de censura e de ditadura, praticada por "democratas" e "socialistas", não deixes de assinar a petição

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06 agosto 2007

VINGANÇA DE HIROSHIMA

PARA O PANTERA

O meu jovem leitor "Pantera", rapaz jovem de que não desgosto, vive profundamente atormentado num mundo maniqueísta, incomodado pela presença de ideologias que abomina no campo "Nacionalista" em que diz militar (e não tenho razão para crer que minta). Como jovem que é, animado mais de paixão que de razão, vê o mundo a preto e branco (ou branco e preto se preferirem), entre "bons e maus". Neste mundo os maus são necessariamente muito maus e os bons imaculados e impolutos... Ora como diriam os detratores do Sérgio (o ensaísta António, de seu nome), quando vislumbra uma ideia que contraria a sua ergue da vara de marmeleiro e é um "varrer de feira" (vejam no Jogo do Pau o significado). É um polemista assumido (o que lhe vale dissabores, seio pelo que observo e porque já mo confidenciou), daí lhe advirá adrenalina. É próprio da idade (e dos reflexos desta "educação"), quero crer... é, no fundo, um mundo de cowboys e índios (os índios eram sempre os maus, lembram-se?).
Hoje resolveu maçar-me com o Japão. Faltou-lhe a relativização nalgumas observações (por exemplo o valor da vida humana não foi igual ao longo da história, como bem sabemos), adoptou o partido dos bons e vilanizou os maus. Desta arenga isentou os bons democratas que, ao transe, sempre defende.
Para que investigue aqui lhe deixo, sem pretensão de ser exaustivo alguns interessantes contributos dos amigos (dele) americanos durante a 2ª Guerra Mundial (exceptuo os bombardeamentos de Hiroshima e Nagasáqui que, segundo ele forma uma espécie de "benção" para japoneses e americanos):
Batalha do mar de Bismarck: Sob as ordens do general George Kenney, os aviões americanos assassinaram os sobreviventes japoneses de navios afundados;
Assassinato de sobreviventes do navio japonês Nachi;
Assassinato de sobreviventes do navio japonês Kumano;
Assassinato de sobreviventes do navio de guerra japonês Yamato e do cruzador Yahagi durante a operação Tem-Go;
Massacre de Canicattí: Assassinato de civis italianos por oficiais americanos;
Massacre de Biscari: Assassinato de prisioneiros do eixo na Guerra da Sicília;
Massacre de Dachau: Assassinato de guardas do campo de concentração capturados pelos soldados americanos, os alemães da divisão SS-Totenkopfverbände foram mortos enquanto se rendiam. Além disso os americanos entregaram armas aos prisioneiros do campo, agora livres, que segundo testemunhas torturaram e mataram outros soldados alemães;
Rheinwiesenlager-Campos para prisioneiros alemães do pós-guerra, onde muitos morreram de fome e desidratação;
Assassinato de prisioneiros alemães em Salina, Utah.
Violações de alemães? Jamais...
É preciso continuar oh Pantera....

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DESENGANEM-SE

Desenganem-se, nacionalistas, "opinion makers", Pantera, Pacheco Pereira ou quaisquer outros. É este o blog mais lido do mundo. Vão lá e aprendam...

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DÚVIDA...

A judoca Telma Monteiro, bicampeã europeia da categoria de -52 kg, foi apresentada na semana passada como nova atleta do Benfica, numa clara aposta do clube em reforçar a sua presença em Jogos Olímpicos (que já contava com Vanessa Fernandes e Nélson Évora). Como sabem os leitores gosto de Telma Monteiro, pertence ao mundo das artes marciais orientais (que elejo acima dos outros deportos), admiro a sua fibra e, como benfiquista, fico satisfeito por uma benfiquista (que desde logo manifestou o seu grande orgulho em poder representar o "Glorioso", esperando retribuir com muitas vitórias) representar o nosso clube. O Presidente do clube afirmou que esta contratação: «demonstra a nossa aposta cada vez maior no desporto e que queremos estender a outras modalidades. Além da componente olímpica, queremos trabalhar mais a formação». Parece-nos, como princípio, que um clube eclético como o Benfica deva abarcar o mais amplo leque de modalidades, sobretudo investindo na área formativa onde se podem ir colher os valores para o futuro. Neste domínio e para o caso concreto do Judo o clube da Luz assinará um protocolo com o Construções Norte/Sul, em que o Benfica reconhece publicamente o grande trabalho efectuado por aquele clube. O protocolo com o Construções Norte/Sul prevê que todos os atletas da secção de alta competição deste clube passem a ser atletas do Benfica, que passará a designar-se Sport Lisboa e Benfica/Construções Norte/Sul ( além de Telma Monteiro, farão parte da equipa os judocas Ana Monteiro, Teresa Mirrado, Sandra Borges, Sónia Fragoso, Mariana Contreiras, Rui Ferreiro, Rui Louro, Márcio Santos, Pedro Lemos, André Januário, Ricardo Campos, Rafael Cardoso, Miguel Alexandre e João Lemos).
Não conhecemos os contornos concretos deste acordo do qual resultam, seguramente, vantagens para todas as partes envolvidas. A minha única dúvida é se numa modalidade como o Judo (que a montante comporta toda uma série de valores muito superiores à actividade desportiva em si) este tipo de transferências se justificam. Onde ficam a ética e os valores aprendidos no "dojo"?

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HÁ 62 ANOS... UM BÁRBARO CRIME


Segundo a visão oficial, hoje há 62 anos "The American B-29 bomber, know as the Enola Gay, dropped the first atomic bomb on an inhabitated area" (o bombardeiro americano B-29, conhecido como Enola Gay lançou a primeira bomba atómica numa área desabitada). A "área desabitada" chamava-se Hiroshima e estava prestes a conhecer a mais devastadora conquista tecnológica da humanidade. A bomba alcunhada de "Little Boy" foi largada, às 08:16, no centro da cidade. As imagens, em maqueta, do antes e depois da bomba são eloquentes quanto ao seu estatuto de "área desabitada"...


Ao invés da benovolência proclamada, tudo leva a crer que o facto de Hiroshima se encontrar situada entre vales a tornou alvo cuidadosamente seleccionado para avaliar os efeitos da tal nova arma. A ironicamente denominada ironicamente de "Little Boy", causou a morte de mais de 256,300 pessoas - a maioria das quais (cerca de 90%) civis. Destruiu tudo - da vegetação a infra-estruturas - num raio de até 2 km de distância. O barulho ensurdecedor da explosão foi ouvido a muitos quilómetros de distância. Os atónitos sobreviventes circulavam pela cidade, quais mortos vivos, sem perceberem ao certo o que lhes havia acontecido. Áreas mais remotas foram igualmente afectadas após a queda de chuva que possuía grande quantidade de radioatividade, e que tudo contaminou. Os sobreviventes, por falta de medicação adequada, acabaram, na maior parte dos casos, morrendo lentamente e de forma agonizante.
Embora Hiroshima se tenha esforçado por, ano após ano, apagar este terrível trecho do seu passado a verdade é que a memória e as lembranças ficarão para sempre na história, bem como o nome dos criminosos que jamais foram ou serão julgados...

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04 agosto 2007

DIA DE LUTO

Aniversário, hoje, 4 de Agosto da batalha de Alcácer Quibir em 1578.
Nela, muito para lá da morte física de D. Sebastião e de tantos outros valerosos Portugueses, morreu uma outra visão de Portugal.

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03 agosto 2007

POBRE RIGA

A Riga que tive a fortuna de conhecer, no decurso do reganhar da sua independência em 1991 (e de novo em 1993), cidade linda, tranquila mas profundamente activa, de gente afável, culta e ciosa das suas tradições merecia então a frequente designação de "Paris do Báltico". Hoje, de acordo com as notícias que de lá me chegam, devido às máfias sexuais russas tende a transformar-se na "Banguecoque do Báltico". Os habitantes ao cair da noite refugiam-se em casa e as mulheres que pretendam sair arricam-se, no meio de hordas de bêbados estrangeiros em busca de turismo sexual, à incómoda, mas crescentemente usual, pergunta de "quanto levas?".
É uma Riga que desaparece para dar lugar a outra pior, igualmente - e uma vez mais - abastardada pelos russos, descaracterizada mas seguramente mais "moderna".
Pobre Riga...

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VANTAGEM DE NÃO SER CRISTÃO

Os cristãos, por imposição da religião que abraçam, adoptam, sempre que alguém morre, numa farisaíca postura, uma pena universal independente do mérito (ou demérito) do defunto. Creio bem que muitas vezes não sentida, mas não farei aqui juízos de valor sobre o assunto. No caso da morte de um traste adoptam, invariavelmente, uma comiseração desejando-lhe que descanse em paz e exclamam um, mais ou menos, sonoro "coitado".
Nesta casa, como bem sabem, não se segue essa cartilha é pois com júbilo que se anúncia a morte (perdoem-me o tom desbragado que só a ocasião justifica), ontem, do cabrão do terrorista Holden Roberto.
A existir, se deseja que arda no Hades para todo o sempre (de preferência em lume brando...) e que, finalmente os brancos e pretos por ele e seus loucos seguidores assassinados, em Março de 1961, com requite de malvadez possam encontrar a paz que, seguramente, enquanto tal verme pissasse a terra não conseguiriam.
Morreu pois um canalha, a terra está um pouco mais limpa.

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02 agosto 2007

MAMÃ NEONAZI

Provavelmente não leram ou nem sequer tomaram conhecimento de uma notícia publicada no respeitável "Courrier Internacional" de 27 de Julho de 2007 intitulada "Stella Palau - Mamã neonazi". O título pareceria estranho, é certo, mas ainda assim nada de mais.
Acontece que ficamos a perceber pela leitura do mesmo como o facto perfilhar a ideologia nazi (o que me parece manifestamente abusivo neste caso, pois o NPD não é um partido neonazi) altera a visão, o papel e mesmo o reconhecimento devido a uma pessoa. Ora Stella Palau era considerada uma mulher simpática, era alguém sempre disposto a ajudar no centro familiar de Hohen Neuendorf (Brandeburgo, Alemanha), era considerada uma cidadã exemplar até que - e atentem bem no caso - a imprensa local descobriu que, quer ela quer o marido, eram militantes do NPD e seus dirigentes. Stella não mudou, naturalmente, mas sobre ela de imediato se abateu o estigma e o anátema e todas as qualidades da véspera se esvairam. Porque uma "nazi", obviamente, só produz mal e aqui havia uma manifesta contradição. Mas o "politicamentecorrectês" de imediato a condenou.
Schauen, um nicht zu sein, que é como quem diz importa mais o parecer que o ser... E viva a "democracia".

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01 agosto 2007

AINDA O LIVRO SOBRE TORQUEMADA

Acabei por não arrumar o livro na estante, conforme aqui tinha escrito, e na viagem na TransTejo do final do dia resolvi acabá-lo. Fiquei satisfeito por esta minha opção. Na realidade a páginas 129 o ilustre autor, Manuel Barrios, de tanto pretender condenar Torquemada aventa, sem manifestamente ser esse o fio condutor do seu filo-semitismo, a hipótese da sua acção se dever ao facto de "como judeu (era de facto de ascendência judaíca), quer exterminar todos os que abandonaram a lei de Moisés?" (p. 131). Ou seja a malignidade, bastamente grafada nas páginas do livro, adviria do facto de ser judeu, dando profusos exemplos do Pentateuco e afirmando que Torquemada "troca o seu fervor para com Jesus Cristo pelo Jeová das suas origens" (p. 129) e fazendo desfilar exemplos da malignidade do deus dos judeus:
"Brotou fogo de Jeová, que devorou os 250 homens que tinham oferecido o incenso" (Números, VI, 35); "Enviou então Jeová contra o povo serpentes abrasadoras que mordiam o povo; e morreu muita gente" (Números, XXI, 6); "Reúne todos os chefes da povoação e empala-os em honra de Jeová de cara para o sol" (Números, XXV, 4-5); "Agora vai e castiga Amalec, consagrando-o ao anátema com tudo o que possui; não tenhas compaixão dele, mata homens e mulheres, crianças e bebés de colo, bois e ovelhas, camelos e burros" (Samuel, XV, 3) (p. 130).
Parece, assim, não o querendo o autor que Torquemada mais não fez que seguir os "bons" exemplos do Torah (=Pentateuco), seguidos pelos eleitos.
Eis um contributo interessante do senhor Barrios...

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PENITENCIO-ME


Por só com um dia de atraso endereçar os mais sinceros parabéns pelo 4º aniversário do Sexo dos Anjos e ao seu incansável Manuel Azinhal, para quem fica um forte abraço.

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