06 outubro 2008

NEM A INFORMÁTICA AJUDA...

Sem computador desde 6ª feira à hora do almoço, não pude comentar o desfecho do julgamento dos 36 elementos da "extrema-direita portuguesa", cujos elementos finais ainda se aguardam para me pronunciar mais em detalhe.
É evidente que, independentemente da moldura legal, se tratou de um julgamento político. É evidente que, se crimes há, devem ser punidos - mas de igual modo para todos os cidadãos levados a julgamento o que, como se sabe, não é exactamente o caso (haverá coragem para condenar, pelas mesmas acusações de Mário Machado, os negros ou os ciganos da Quinta da Fonte, por descriminação racial - que a ouve -, ofensa à integridade física - que todos vimos - e posse ilegal de arma?)-, como aqui sempre defendi, é evidente também que o poder deve dizer claramente que usou de particular "cuidado" com estes 36 arguidos. Aliás, foi o próprio juiz que declarou que manifestações exteriores de apologia do nacional-socialismo (tatuagens ou símbolos), mensagens de defesa do nazismo ou contra a imigração "foram consideradas actos de ódio ou de descriminação racial". Para mim, bastaria tal espantosa declaração para atestar a natureza política deste processo a que poderiamos juntar a agravante ida a Coruche - onde relembro nada aconteceu - trata-se assim do "crime de intenção"...
Como disse, e bem, o advogado José Manuel Castro, Mário Machado - e por extensão muitos outros - foram condenados por "bagatelas penais".
A verdade é que, desde o início, saberíamos que, sobretudo Mário Machado, teria que ser exemplarmente condenado, apesar de ter declarado em julgamento "Disse e cometi algumas situações que jamais voltaria a fazer, mas de qualquer maneira tudo aquilo que fiz nunca implicaria uma prisão preventiva". Aliás, não fora ele o bode expiatório e como se explicaria que sendo o único dos arguidos sujeito a prisão preventiva, acabe com uma pena claramente inferior ao condenado com a maior pena de prisão efectiva (Paulo Maia, sete anos)?
Mas como disse, quero ler o acórdão até porque no caso de Vasco Leitão (um ano e oito meses de pena suspensa) me parece clara e exclusiva a questão da perseguição política, neste maravilhoso Portugal de Abril onde cada vez mais só se pode pensar como quem manda. Lembram-se do Orwell???
Mas de todo este processo afigura-se-me como pertinente uma questão: afinal, neste mundo em que todos me querem garantir que não há raças, em que consiste esse tenebroso crime de "discriminação racial"? Alguém me explica...

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