30 junho 2010

"NIHIL OBSTAT!"

Solicitou-me a minha boa e querida amiga Helena B Cunha, antiga e sólida militante Nacionalista recentemente regressada - para nosso enriquecimento - ao convívio político de onde se arredara, o alvitre sobre um livro de História Pátria que comprara para a sua filha que dá os primeiros passos na escola. Consciente de como as “esquerdarias” invadiram a literatura infantil, evidentemente com extensão aos manuais escolares, possui extremosa e compreensível preocupação nestes tempos de formatação, que não de formação, dos nossos jovens, sobre o que a sua filha deve ler com vista a um saudável e sólido crescimento. Sábia e avisada preocupação que me agrada registar não podendo deixar de referir a honra e amizade com que me distingue ao reconhecer-me o mérito suficiente e “encomendar-me” a aferição da obra e sua conformidade aos propósitos e desígnios que, felizmente, vão preocupando cada vez mais pais.

A obra adquirida não poderia ser mais apropriada a uma criança que explora as primeiras letras e pretende conhecer a História da sua Pátria. Trata-se da notável obra As Origens de Portugal. História contada a uma criança do Professor Rómulo de Carvalho. Permitam-me que relembre, ainda que brevemente, algumas das facetas do Professor Rómulo Vasco da Gama de Carvalho (nascido em Lisboa a 24 de Novembro de 1906 e falecido na mesma cidade em 19 de Fevereiro de 1997). Químico de formação, foi professor de Físico-Química do ensino secundário, pedagogo insigne, divulgador notável, historiador apaixonado e basilar investigador de História da ciência em Portugal, além de notável poeta (faceta tardia, porém) sob o pseudónimo de António Gedeão, sendo particularmente famoso neste âmbito a sua Pedra Filosofal. Notável e exigente como Professor era um comunicador por excelência que dificilmente deixava alguém indiferente. Afirmava sempre, sem rebuço, ser Professor tem de ser uma paixão!. Era-o sem dúvida para si; como devia sê-lo para todos quantos abraçam esse magistério, mormente para todos quantos ensinam os mais jovens. Paixão e prazer com que igualmente encarava o, para si, verdadeiro sacerdócio da divulgação científica, uma divulgação para todos, sem barreiras ou constrangimentos. O 25A deu lugar a um sistema de ensino desorganizado e onde a autoridade foi completamente suprimida. Exigente e rigoroso, Rómulo de Carvalho não encaixava nesse novo paradigma e, não se conformando com a nova situação pediu a sua reforma após quatro décadas de magistério embora se mantivesse no activo, nomeadamente na Academia de Ciências de Lisboa até à sua morte, porque um Professor da sua craveira jamais o deixa de ser.

Não poderia, pois, a opção ter sido melhor. Escrito num português escorreitíssimo e com um sabor próprio para crianças é uma obra notável de divulgação para um público a quem Rómulo de Carvalho tanto queria: as crianças. Renovo os meus agradecimentos à Helena por me ter permitido esta singela homenagem ao autor (e a confiança em mim depositada) e a divulgação desta notável obra.

Porque entre os meus muitos detractores tenho, frequentemente, fama inquisitória aqui vai, à guisa de provocação, o meu Nihil obstat à profusa divulgação desta obra entre as nossas crianças a quem queremos bem e desejamos que cresçam imbuídas de patriotismo na esperança de um Portugal melhor, como indiscutivelmente desejava Rómulo de Carvalho.

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