04 novembro 2010

A MAMA...

Creio que não preciso de vos relatar, como historiador, o quanto me desaponta, contraria os anseios da musa Clio e me enoja a "história" imposta por leis penais.
Em Grego antigo ἱστορία significava inquirir ou, por extensão, conhecimento derivado desse acto - a inquirição. Logo proibir a inquirição - seja ela orientada em que sentido for - é contrário à própria essência da História. O Historiador é pois um pesquisador da História e ninguém pode investigar, cientificamente e em liberdade, se sejeito a leis penais que forçam "verdades" históricas condenando à prisão aqueles que ousam, ainda que apenas, questioná-las. Evidentemente que se tomarmos como boa a definição de Voltaire de que a "história consiste numa série de imaginativas invenções acumuladas", talvez sirva...
Todavia se optarmos por seguir sábio conselho de Heródoto (geralmente considerado como o pai da História) de que "poucas coisas acontecem no momento certo e as demais não acontecem de todo, o historiador conscencioso corrigirá esses defeitos", a coisa muda de figura.
Determina-me este postal de hoje a recente condenação de Pedro Varela por edição de livros (sim leram bem, o "crime" é a edição de livros) que promovem o genocídio (eufemistico modo de apresentar livros quer questionam uma versão dos factos históricos), algo que não parece, em sociedades que se arvoram guardiães da democracia, qualquer ilícito, ainda se fora um estado totalitário...
Acontece, porém, que tão zelosas criaturas intentam outro processo, para que Varela apanhe maior condenação: por edição do "Mein Kampf" sem o necessário pagamento de direitos (que no caso de Varela seguramente lhe seriam negados ao abrigo de qualquer invenção e "elevada" justificação...) à entidade que os detém: o Estado da Baviera, herdeiro dos direitos do livro de Hitler...
Ou seja, apesar de tão hediondo, parece que os direitos ainda rendem uns cobres ao erário daquele estado que, não se livraram deles, o que seria consentâneo com tão pestilenta imagem (já sei que será para proteger de edições não conformes... pois claro...), antes os usam e cuidadosamente (ainda não há muitos anos a embaixada alemã mandava apreender das nossas livrarias uma edição em semelhante situação) vivendo ainda um pouco à conta do antigo Chanceler.
Mas atenção a mama acaba em 2015, não sem que, seguramente, surja uma elaboradísssima "edição crítica" conforme à cartilha do politicamente correcto...

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1 Comments:

Blogger José Domingos said...

A Alemanha, continua de joelhos, a pagar as contas da "história", eu creio, que a responsabilidade não é extensível aos nossos parentes: não existe nada semelhante à culpa hereditária! Na Alemanha, este princípio é violado. Neste país, alguém está lucrar com a alegada culpa dos pais, avós, bisavós, Alemães. Um escritor, J. Bacque, escreveu:não seria interessante saber quando é que os milhares de Alemães explorados como escravos pelos Franceses, Holandeses, Ingleses, Belgas, Jugoslavos, Polacos, Dinamarqueses, Russos, Checos, durante anos e até mesmo décadas, poderão pedir as suas indemnizações? Quando poderão os 12 milhões de Alemães Orientais vítimas da limpeza étnica e os sobreviventes dos três milhões que foram assassinados nesse processo, as seis centenas de milhares de vítimas dos terríveis bombardeamentos Aliados, os cinco milhões que morreram de fome devido ao bloqueio e desindustrialização dos Aliados e à retenção de alimentos ordenada por Eisenhower, receber a própria indemnização e respeito pela sua memória? Não deverão todas as vítimas de injustiças merecer o mesmo respeito e as mesma indemnizações? Ou este é o caso de uns serem mais iguais que outros?
O politicamente correcto, tão do agrado da esquerda, tornou-se, numa forma de censura, para esconder o trágico caminho dos países com ditaduras de esquerda, cujo resultado, são milhões de mortos. Na contabilidade trágica dos mortos no século XX, ela é ganha à distância pelos crimes de Estaline e dos diferentes regimes comunistas. Trata-se também de factos históricos irrefutáveis, desde as execuções em massa ao Gulag, desde a deportação de povos inteiros até formas geradas por experiências de engenharia social, da colectivização forçada ao Grande Salto em Frente e à Revolução Cultural. Na URSS, na China, no Camboja, na Hungria, na Roménia, em Angola, na Zâmbia, na Etiópia, etc., etc., milhões de pessoas foram presas, executadas, varridas da face da terra, porque tinham na sua esmagadora maioria "culpas objectivas". Mas isto pode-se negar, como fazem muitos partidos comunistas e muitos intelectuais de esquerda pelo mundo fora, ou pode-se omitir, o que é uma das mais perversas formas de negar.
Mas a atitude geral é a mesma absurda, prepotente, liberticida obsessão que nos chega do Estado e dos governos em obrigar-nos a "viver bem" e a "pensar bem", ou a ir para a prisão.A atitude da esquerda, é absurda, por quererem ter uma aura de justos/santificados, que a própria história nega.
A base deste texto, é pertença de Pacheco Pereira, escrito, há uns tempos,e, com o qual eu concordo plenamente.
Cumprimentos

quinta-feira, 04 novembro, 2010  

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